Ela estava sufocando. Não literalmente, mas por dentro. Não conseguia parar de pensar na conversa que teve meia hora atrás com ele no MSN. Tudo o que fora dito por ele veio como uma flecha em seu coração. E, consequentemente, lágrimas começaram a jorrar de seus olhos. Na tentativa de disfarçar a situação de seus pais, correu para o banheiro. Trancou a porta e abriu a torneira, para que ninguém a ouvisse soluçando. Ela nunca havia sentido tanta dor. Nunca havia faltado ar em seus pulmões como faltava naquele momento. Ela encostou a parede e não pôde evitar quando suas costas foram escorregando e, de repente, ela se encontrava no chão. Com a mão no peito, como se estivesse ferido, as lágrimas não paravam, a dor não passava, os flashbacks da conversa e de todo o relacionamento dos dois não saíam de sua cabeça. Era impressionante como três meses podiam terminar daquele jeito, em trinta minutos. Como três meses de sorrisos podiam de transformar em trinta minutos de choro e dor. Ela nunca o conhecera pessoalmente, ele era de São Paulo e ela de Santos. Mas eles se viam todos os dias, com poucas exceções, pela webcam e o relacionamento que surgiu virtualmente entre os dois era maior que o sentimento de muitos casais que se vêem sempre. O “te amo” veio rapidamente, em menos de três dias que eles se conheciam. A partir daí só surgiram sorrisos e o amor dela por ele só crescia. Pelo menos até aquele dia. “Você viu com a sua mãe se você vem pra Santos nas férias mesmo?” ela perguntara. Eles haviam combinado aquele encontro no primeiro mês de namoro. “Não, esqueci.” Ele respondeu, friamente. Ele andava estranho ultimamente, ela havia resolvido não perguntar nada no intuito de não se intrometer. “Se ele quiser, ele me fala o que ta acontecendo.”, ela pensava. Mas naquele momento ela resolveu perguntar.
- Tá acontecendo alguma coisa? Você anda estranho ultimamente. - Ela arriscou.
- Não, por quê? - ele respondeu, friamente de novo.
- Porque você anda frio e grosso comigo. Aquele Rafael fofo sumiu. - Ela contou o que estava sentindo.
- Bom, ele mudou. Ele morreu. - Ele justificou, chocando-a.
- Mas por quê? O que aconteceu? - Ela não acreditava no que havia acabado de ler.
- Nada, ele cresceu. Só isso.
- Mas eu amo aquele Rafa, eu o quero de volta! -, disse ela, desesperada.
- Ele não volta mais.
- Por que não?
- Porque ele cansou de ser idiota.
- Ele não era idiota! Eu não acredito em você, eu quero que você me conte o que aconteceu.
- Não vou contar, não aconteceu nada. E eu odeio quem não acredita em mim.
- Então você me odeia? - perguntou ela, já com as lágrimas escorrendo e borrando a maquiagem que ela havia feito só pra vê-lo na webcam naquela noite.
- Eu não disse isso. - Disse ele, frio e grosso.
Ela, já chorando rios, perguntou.
- Então você não me ama mais. Ou será que nunca amou? A gente acaba aqui, é isso?
- Não sei, tanto faz.
Isso bastou para os soluços começar. Ela não conseguia ler mais nada na tela do computador, as lágrimas a estavam cegando. Foi então que ela desligou o computador, sem respondê-lo e correu para o banheiro.
Cinco minutos se passaram, mas suas lágrimas não podiam ser contidas ou controladas. Ela estava fora de si naquele momento, e não sabia por quanto tempo ia continuar daquele jeito.
To be continued - or not.
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