Então você não me ama mais. (continuação)
Depois de duas horas chorando, Luísa levantou-se e olhou-se no espelho. “Que desastre”, ela pensou. Sua maquiagem, se é que ainda havia vestígios de alguma, havia se desfeito e borrado seus olhos, que estavam extremamente inchados. Ela lavou o rosto, tirando o pouco de maquiagem que restava, e fechou a torneira, que havia ficado aberta durante as mais de duas horas que ela ficou ali. “Tá na hora de enfrentar a realidade.”, pensou ela antes de abrir a porta do banheiro. Sua mãe provavelmente já havia ido dormir, e o pai estava viajando à negócios, como sempre. Ela percebeu que a casa estava escura e silenciosa, um silêncio ensurdecedor. Tentando não fazer barulho, ela ligou o computador. “Preciso resolver isso, meu coração não agüenta mais.”, pensou ela. Ao entrar no MSN, nenhuma janela se abriu, decepcionando-a. Ela estava esperando que uma janela abriria com um pedido de desculpas. E, nesse momento ela soube que seu conto de fadas havia acabado. As lágrimas, que pareciam ter acabado, voltaram. Ela sempre entrava como Invisível, pra antes dar uma espiada em quem estava on. Quando procurou no lugar que ele sempre ficava, não o encontrou on. Digitou o e-mail dele na busca, pra ver se ele havia mudado de nick, mas ele estava off. Ela mal conseguia manter os olhos abertos, de tanto chorar. Então, assim que percebeu que não tinha mais nada pra fazer no computador, foi deitar. Virou várias vezes, mas, apesar de estar com sono, não conseguia dormir. Ao fechar os olhos, tudo que ela via era ele. E ao pensar nele, tudo que fazia era chorar. Sentia um aperto no coração ao pensar que não sabia o que estava acontecendo com Rafael. Por mais que quisesse e tentasse, não conseguia ficar brava com ele. Pelo menos não até saber o porquê de ele ter mudado. “Talvez ele esteja sofrendo mais que eu, mas não quer me contar o motivo.”. Uma hora depois, após pensar e refletir, ela finalmente caiu no sono. Ela acordou às 06h00min em ponto, com o toque alto do alarme de seu celular. Luísa havia dormido apenas três horas e ainda estava exausta. Seu corpo não queria se levantar da cama, mas Luísa era uma menina responsável, nunca faltava na escola por apenas não querer ir. Ela olhou em seus lençóis quando se sentou na cama e viu várias manchas vermelhas. “O que aconteceu? Isso é sangue?”. Ao olhar em seus dois pulsos, teve a resposta. Havia vários cortes e, ao lado de seu travesseiro, um estilete. “EU FIZ ISSO?” ela não conseguia parar de se perguntar. Ao que tudo evidenciava, Luísa era sonâmbula e havia feito aquilo enquanto dormia. Ela se levantou e correu para o banheiro. Trancou a porta, pegou um remédio no armário embaixo da pia e começou a passar. Sentiu uma dor profunda, mas que nem se comparava à dor que sentia por dentro. Então ela percebeu que os cortes eram fundos e que, provavelmente, ela precisaria de pontos. “Eu não posso contar pra minha mãe.” ela pensou, desesperada ao imaginar a mãe ao saber da situação. “Eu vou ao hospital depois da escola” decidiu Luísa. Olhou-se no espelho e viu que seus olhos estavam tão inchados que parecia que ela tinha levado socos. Passou uma maquiagem para disfarçar, fez alguns curativos rápidos nos cortes e, ao sair do banheiro, colocou uma blusa de manga comprida. Na cozinha, sua mãe preparava seu café da manhã. Era um dia frio, sem sol, assim como o coração de Luísa naquele dia. Ela foi até lá, tomou seu café da manhã, evitando olhar para sua mãe, e ouviu a sua perua escolar buzinar. Entrou na perua, ignorando os olhares dos colegas de escola ali dentro sentados. Luísa era uma menina linda, porém desconhecida. Ela era simpática e tímida e, consequentemente, demorava pra fazer amizades. Por isso se sentia invisível. Ela chegou na sala de aula e deitou a cabeça na carteira. Sua melhor amiga, Bruna, estranhou o comportamento dela, mas Luísa disse que estava apenas cansada. O professor de história entrou e ela percebeu que aquela seria uma longa manhã.
To be continued.
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