
- Bruna? É a Luísa. Tudo bem?
- Oi Lu! Tudo bem sim, sumida, e você?
- Desculpa, ando meio ocupada nesses últimos dias. Então, vou ser bem direta: eu preciso de um enorme favor seu. Você sabe que eu não te pediria se não fosse urgente – disse Luísa, indo direto ao ponto.
- Ok, pode falar o que você precisa.
- Eu preciso que você minta pra minha mãe que eu vou dormir na sua casa nesse final de semana. Você pode fazer isso? Eu preciso ir num lugar.
- O quê? Mentir pra sua mãe? Não sei se eu posso fazer isso. Aonde você vai? – Luísa sentiu curiosidade e surpresa na voz de Bruna.
- Eu te conto quando voltar, tudo detalhadamente. Mas agora não dá. Você pode fazer isso pra mim ou não?
- Tá, você é minha amiga e eu confio em você. Só não vá se meter em problemas, ok?
- Muito obrigada, você sabe que eu te amo. A gente se fala.
E então ela desligou. Conseguiu o que precisava, agora só precisava ver se conseguia um ônibus pra São Paulo no dia seguinte, depois da aula. Duas horas depois, sua mala estava pronta, sua passagem reservada e já havia avisado sua mãe que iria dormir na casa de Bruna. E teria que torcer para que sua mãe não ligasse pra mãe de Bruna. Uma mentira inocente, necessária pra ajudar Rafael. Ela odiava manter segredos de sua mãe, mas ela não tinha escolha. Sua mãe não havia gostado muito quando soube que ela estava namorando virtualmente um menino que ela nunca havia visto pessoalmente. Luísa então decidiu tentar dormir. Sabia que não seria tão fácil. No dia seguinte talvez veria o garoto que ela amava pela primeira vez pessoalmente, e por isso a ansiedade tomou conta dela. De repente ela acordou com o seu despertador. Esperando que o horário estivesse errado, ela decidiu olhar no visor. Eram 5h35min da manhã e ela não havia dormido nada. E iria ver seu amor com a aparência de um zumbi. “Eu necessito, desperadamente, de maquiagem. Espero que a Bruna possa me ajudar.” Então ela tomou um rápido café da manhã, se arrumou, preparou suas coisas e ficou esperando a perua escolar. O tempo parecia não passar. E ela, cada vez mais ansiosa, estava ficando fora de controle. Queria sair logo daquela escola e ir encontrar o seu amor. O seu tudo. Então, depois de dois séculos de aula, o último sinal finalmente bateu, e ela saiu disparada pra rodoviária. Ela pegou o ônibus confiante, depois de uma transformação feita no banheiro feminino com a ajuda de Bruna. Luísa estava linda. Mais linda e mais radiante do que nunca. “Uau” foi a primeira coisa que ela pensou quando o ônibus chegou em São Paulo. A cidade era enorme e bagunçada, mas ela gostou. Pegou o pequeno pedaço de papel amassado onde havia o endereço da casa de Rafael e chamou um táxi. Quando chegou no endereço certo, se surpreendeu. A casa era enorme, uma verdadeira mansão. Muito diferente do que ela estava acostumada. Havia uma câmera filmando-a no portão. Ela esperou e esperou e então criou coragem pra apertar a campainha. Suas pernas estavam bambas e ela não conseguia parar de tremer. Ninguém respondeu ou deu sinal de vida, então ela apertou de novo. Uma menina surgiu na porta. A menina não aparentava mais que 16 anos, era loira e tinha um corpo bem desenhado. Era linda.
- Oi, posso ajudar? – ela disse com uma voz sincera e doce.
- Claro, eu queria falar com o Rafael, por favor.
- Ah, desculpa, mas ele não deseja falar com ninguém.
- Diga a ele que é importante, eu sou uma amiga dele, vim de longe só pra vê-lo. Por favor.
- Ok, qual é o seu nome? Eu vou lá ver se ele quer falar com você.
- Muito obrigado, meu nome é Luísa.
E a menina desapareceu pela porta. Luísa teve que segurar as lágrimas. “Então ele já me trocou por outra” ela pensou, precipitadamente.
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