11.26.2010

Então você não me ama mais. (continuação)

Assim que a menina entrou, Luísa não conseguiu mais controlar as lágrimas. Ela não queria ser vista daquele jeito, então resolveu ir embora antes que a menina voltasse. Quando ela chegou no portão, a menina gritou da porta:
- Ei, onde você vai? Ele disse que não quer ver ninguém, mas eu posso te deixar entrar, se você quiser.
- Ah, ele não quer me ver? Tudo bem, obrigada mas eu vou embora. Tchau.
E assim ela desapareceu da vista da menina enquanto suas lágrimas borravam toda a sua maquiagem e molhavam sua blusa. A noite estava fria e ela não tinha um lugar pra dormir. Olhou pra trás uma última vez, na esperança de encontrar o olhar de Rafael. Quando olhou para um quarto mais afastado, viu uma sombra na janela. Chamou por Rafael, mas a sombra não respondeu. Então ela se virou e continuou andando, pensando no que faria. Luísa esperava que Rafael convidaria-a para dormir na casa dele, mas não esperava ser ignorada daquele jeito. "Talvez ele realmente não me ame mais e não queira mais nada comigo" ela pensou, deprimindo a si mesma mais do que já estava deprimida. Um pingo de chuva caiu em sua cabeça e, momentos depois, vários pingos. "Que ótimo, era só o que me faltava" pensou para si mesma. E, em menos de dois minutos, ela já estava encharcada. A rua de paralelepípedos a impedia de andar rápido com sua mala de rodinhas. De repente, ela ouviu alguém gritar seu nome. "Que legal, estou ficando louca também". Mas ela ouviu seu nome de novo e então se virou. Parado, na frente do portão de sua casa, estava Rafael. Luísa achou que estivesse delirando, mas de fato ele estava lá. Tudo que ela fez foi ficar parada ali, tentando se acordar. Seu coração batia forte e devagar ao mesmo tempo. Sua respiração ficou pesada. Suas malas caíram na rua de paralelepípedo e se molharam. Por um instante, ela desejou que aquilo fosse verdade. Ela queria estar em seus braços. E Rafael começou a se aproximar rapidamente. Ele estava correndo até ela. Como no filmes. E assim que ele chegou até ela, Rafael a pegou no colo e a beijou, fazendo-a flutuar. 
Suas lágrimas mudaram de tristeza pra alegria, e um sorriso enorme se estendeu pelo seu rosto. Luísa estava mais feliz que nunca, aquele definitivamente era o melhor momento de sua vida. E no fundo de sua mente, ela desejava que não fosse um sonho. Quantas vezes ela já não tinham se decepcionado porque o que ocorrera fora apenas um sonho? Quantas vezes ela já não tinha chorado rios e rios porque seus sonhos não eram reais? Mas daquela vez, ela sabia que não era um sonho. Era a realidade, a sua realidade. Aquela que ela desejava viver pra sempre. O que havia acontecido antes? Ela não e importava. Ela só queria o presente, o agora. E o seu feliz futuro com Rafael.

THE END

Frozen

She had only her bra and her panties on. He had only his underwear. “There is no more going back now.” She thought. She had been waiting for that moment for a long time; the only thing missing was the perfect match. The boy of her dreams, the one that she loved. And she had finally found the one. The one that had the key to her heart. Or at least she thought. Her body was comfortably going, but in her mind there was something telling her not to go ahead. “This is the moment I’ve been waiting for, so what is wrong? I love him, and I’m sure he loves me back, so why is my mind telling me to stop?” she couldn’t stop wondering. So she finally decided to step out and stop, since she wasn’t feeling well. She knew she would regret if she kept going. Suddenly, the door opened and a lot of people came into the room. “Who are these people, what is happening?” And she saw a camera, they were taping it. “What is going on? What are they doing here?” She finally asked him, her love. “Relax, baby. They’re just taping it.” So she got up and got her clothes from the floor and covered herself. And then she walked away. There was a snowstorm outside, and she was almost naked. She was freezing, along with her heart. The tears that started while she left the house wouldn’t stop. She fell on the snow, and there she stayed. Until she froze. She was dead, from a heart disease.

11.03.2010

Então você não me ama mais. (continuação)

Um último raio de sol do dia cobriu o rosto de Luísa, acordando-a. Ela havia decidido ir pra São Paulo no final do semana, tudo que ela precisava fazer era sobreviver por mais um dia, essa sexta-feira que estava chegando. De repente, veio em sua mente que ela teria um prova de Matemática no dia seguinte. “Matemática, modéstia à parte, eu sou boa” pensou. E assim decidiu não estudar. Foi até o seu closet e pegou em uma caixa de sapato, que estava bem escondida, os 600 reais que ela vinha juntando nos últimos dois anos para qualquer emergêcia. E essa, definitivamente era uma. Luísa então foi até o quarto da mãe e pegou uma mala. Não podia contar a sua mãe o que pretendi fazer, ou seria impedida. Teria que dar uma boa desculpa. E precisaria da ajuda de Bruna. Então, apesar de estar meio afastada de Bruna ultimamente, ligou para o telefone da amiga, que havia decorado. Ela odiava “usar” os outros e depender deles, mas era necessário. Não se pode fazer tudo sozinho quando se tem apenas 15 anos.
- Bruna? É a Luísa. Tudo bem?
- Oi Lu! Tudo bem sim, sumida, e você?
- Desculpa, ando meio ocupada nesses últimos dias. Então, vou ser bem direta: eu preciso de um enorme favor seu. Você sabe que eu não te pediria se não fosse urgente – disse Luísa, indo direto ao ponto.
- Ok, pode falar o que você precisa.
- Eu preciso que você minta pra minha mãe que eu vou dormir na sua casa nesse final de semana. Você pode fazer isso? Eu preciso ir num lugar.
- O quê? Mentir pra sua mãe? Não sei se eu posso fazer isso. Aonde você vai? – Luísa sentiu curiosidade e surpresa na voz de Bruna.
- Eu te conto quando voltar, tudo detalhadamente. Mas agora não dá. Você pode fazer isso pra mim ou não?
- Tá, você é minha amiga e eu confio em você. Só não vá se meter em problemas, ok?
- Muito obrigada, você sabe que eu te amo. A gente se fala.
E então ela desligou. Conseguiu o que precisava, agora só precisava ver se conseguia um ônibus pra São Paulo no dia seguinte, depois da aula. Duas horas depois, sua mala estava pronta, sua passagem reservada e já havia avisado sua mãe que iria dormir na casa de Bruna. E teria que torcer para que sua mãe não ligasse pra mãe de Bruna. Uma mentira inocente, necessária pra ajudar Rafael. Ela odiava manter segredos de sua mãe, mas ela não tinha escolha. Sua mãe não havia gostado muito quando soube que ela estava namorando virtualmente um menino que ela nunca havia visto pessoalmente. Luísa então decidiu tentar dormir. Sabia que não seria tão fácil. No dia seguinte talvez veria o garoto que ela amava pela primeira vez pessoalmente, e por isso a ansiedade tomou conta dela. De repente ela acordou com o seu despertador. Esperando que o horário estivesse errado, ela decidiu olhar no visor. Eram 5h35min da manhã e ela não havia dormido nada. E iria ver seu amor com a aparência de um zumbi. “Eu necessito, desperadamente, de maquiagem. Espero que a Bruna possa me ajudar.” Então ela tomou um rápido café da manhã, se arrumou, preparou suas coisas e ficou esperando a perua escolar. O tempo parecia não passar. E ela, cada vez mais ansiosa, estava ficando fora de controle. Queria sair logo daquela escola e ir encontrar o seu amor. O seu tudo. Então, depois de dois séculos de aula, o último sinal finalmente bateu, e ela saiu disparada pra rodoviária. Ela pegou o ônibus confiante, depois de uma transformação feita no banheiro feminino com a ajuda de Bruna. Luísa estava linda. Mais linda e mais radiante do que nunca. “Uau” foi a primeira coisa que ela pensou quando o ônibus chegou em São Paulo. A cidade era enorme e bagunçada, mas ela gostou. Pegou o pequeno pedaço de papel amassado onde havia o endereço da casa de Rafael e chamou um táxi. Quando chegou no endereço certo, se surpreendeu. A casa era enorme, uma verdadeira mansão. Muito diferente do que ela estava acostumada. Havia uma câmera filmando-a no portão. Ela esperou e esperou e então criou coragem pra apertar a campainha. Suas pernas estavam bambas e ela não conseguia parar de tremer. Ninguém respondeu ou deu sinal de vida, então ela apertou de novo. Uma menina surgiu na porta. A menina não aparentava mais que 16 anos, era loira e tinha um corpo bem desenhado. Era linda.
- Oi, posso ajudar? – ela disse com uma voz sincera e doce.
- Claro, eu queria falar com o Rafael, por favor.
- Ah, desculpa, mas ele não deseja falar com ninguém.
- Diga a ele que é importante, eu sou uma amiga dele, vim de longe só pra vê-lo. Por favor.
- Ok, qual é o seu nome? Eu vou lá ver se ele quer falar com você.
- Muito obrigado, meu nome é Luísa.
E a menina desapareceu pela porta. Luísa teve que segurar as lágrimas. “Então ele já me trocou por outra” ela pensou, precipitadamente.